Leyla
Buk, desenhista/pintora que faz uma arte expressiva com garotas como modelo, passando
um pouco de seus pensamentos, vida e em alguns desenhos trazendo á tona a arte
de fetiches como BDSM (quebrando tabu).
O
surrealismo tratado nas artes de Leyla são referências clássicas á filmes
(principalmente de terror, afinal ela é uma “Sra.Baiestorf”) que inclusive
colaborou com a produção de Zombio 2, confira na entrevista muito bem humorada
e sacana que a Leyla teve a honra de cede.
Leyla
Buk… o sobrenome tem alguma relação com Charles Bukowski?
Buk de Bukkake!
Brincadeira J
Comecei a usar Bukowski há alguns anos atrás, por causa do velho mesmo, como uma homenagem/brincadeira, daí o Buk pegou e adotei como nome artístico. É um bom nome, curto, simples, bonito e forte.
Brincadeira J
Comecei a usar Bukowski há alguns anos atrás, por causa do velho mesmo, como uma homenagem/brincadeira, daí o Buk pegou e adotei como nome artístico. É um bom nome, curto, simples, bonito e forte.
Você
já participou de fanzines não? Quais?Quando e onde você começou a divulgar sua
arte?
Tenho umas ilustrações em alguns fanzines. O último
é o Spermental, de Alagoas, editado pelo querido Erivaldo Mattus, todo
ilustrado com desenhos meus. Nunca fui fanzineira, admiro muito quem faz, apoio
e contribuo sempre que surge convite e oportunidade. Mas, infelizmente ou
felizmente, sou da geração internet e foi onde comecei a divulgar meus
trabalhos. Eu não fazia idéia de como conduzir a coisa toda, apenas fui
postando e descobrindo como a medida que tudo foi se desenrolando. A internet é
uma grande aliada quando sabemos usar direito, então tento me aproveitar bem
dela.
Os
seus desenhos sempre tem uma concepção surrealista e até mesmo fetichista, o
que leva você á se identificar com o que desenha?
O que é estranho e diferente sempre me fascinou. O
belo não é tão belo se não tem um toque de aberração, de neurose e loucura.
Olha só o rosto da Barbara Steele e da Maria Callas, por exemplo, considero
duas das mulheres mais lindas do mundo e se olharmos bem as duas têm traços
que, dependendo do ângulo, tornam-se quase monstruosas, deformadas, e eu acho
isso lindo. Pra mim, isso é que forma o belo e o perfeito. Por isso minhas garotas sempre terão esse
lado que fuja um pouco do “normal”, não me agrado quando faço algo diferente
disso, já fiz, mas sempre sinto que falta uma parte de mim, a parte estranha.
Leyla e Coffin Souza preparando maquiagem de um zumbi |
Sua
arte também apareceu em “O Doce Avanço da Faca”, não? Um dos pôsteres mais
bonito da Canibal e que inclusive no meio do filme aparece uma série de
quadrinhos eróticos seus, eles foram feitos especialmente para o filme?
Sim. O Petter me mostrou o roteiro e me convidou pra
desenhar os quadrinhos que apareceriam no filme, algo como uma homenagem para
os catecismos de Carlos Zéfiro. Em seguida tivemos a idéia do pôster. Trabalhar
com o Petter sempre foi bom porque ele é super equilibrado, me acalma, respeita
minhas idéias, vontades, ritmo e sempre traz referências que acrescentam e me
enriquecem muito e eu adoro os filmes da Canibal, me identifico com eles, então
faço com muito prazer.
Falando
em quadrinhos de sacanagem, quais que você recomenda?
Meus
preferidos são os do Crepax e Shuehiro Maruo. Mas recomendo também os
quadrinhos de caras como John Willie, Eric Stanton e Covacq, umas delícias com
muita putaria fetichista.
Das
suas inspirações cinematográficas, o que você costuma assistir?
Eu vejo de tudo, mas boa parte das coisas novas são
descartáveis e o que me inspira mesmo são filmes antigos, não importa muito o
gênero. Gosto de horror, de pornô, de western, drama, exploitations e morenas
com rostos e atitudes marcantes J. Os filmes do Bergman
me inspiram muito e me enchem de ideias, me identifico com quase 100% das
coisas que ele já fez, procuro rever sempre que posso.
Uma das artes de Leyla |
O
sexo ainda é um tabu, mesmo na arte?
É,sim. É muito estranho que quanto mais avanços e
descobertas, mais arcaicas são as atitudes do ser humano. Há dois mil anos que o cristianismo prega o
sexo como algo pecaminoso e indecente, isso não vai mudar de uma hora pra outra
, principalmente com o número cada vez maior de cristãos crescendo no mundo. No
século XIX, Courbet pintou o quadro “A origem do mundo”, aquele quadro com uma boceta
aberta em primeiro plano, e todos que foram donos do quadro naquela época o
guardou à sete chaves, escondido. Faz muito tempo, mas ainda hoje essa obra é alvo
de perseguições e censuras em exposições e redes sociais, lembro de vários
contatos no facebook que tiveram a conta excluída por compartilhar a imagem.
Também me lembro de um episódio da exposição da Marcia X que aconteceu em 2006
e que teve peças retiradas por usar terços que formavam imagens de pênis. É
muito tabu religioso e o sexo é muito temido e visto como algo feio,
sim. Qualquer arte com nudez hoje é tão perseguida e evitada quanto “A origem
do mundo”. Quem divulga qualquer arte
com o mínimo de erotismo que seja na internet sabe; já foi perseguido, xingado,
delatado e deletado. Enfim, será que é um caminho natural, um bom sinal e que temos
mais perseguidores por estarmos mais perto de acabar com esse conservadorismo
besta? Ou, pelo contrário, será que
estamos retrocedendo e o outro lado é que ta ganhando cada vez mais força? Todo
esse fanatismo, hipocrisia e falso moralismo me assustam muito. Espero que as pessoas de coragem e que prezam
pela liberdade de fazer o que gostam continuem lutando e fazendo.
Se
o sexo em si, seja explicito ou artisticamente ainda causa nervoso para
conservadores, o que dizer dos fetiches?
Fetiche é algo visto como algo antinatural, incomum.
Se é diferente e vai além do que é pré-definido como aceitável e normal é temido e evitado. Eu
adoro fetiches, principalmente em filmes, na arte em geral, e quando não agride
ou envolve bichos e outros seres inocentes, eu apoio.
Você
também está colaborando em Zombio II, fez as maquiagens de zumbi, designer dos
personagens e até storyboards, não? Como foi? O Petter colabora com ideias para
seus trabalhos?
Trabalhar no Zombio foi cansativo e estimulante. Eu
não fazia idéia que se trabalhava tanto num set de filmagens. O Petter tem uma
fonte inesgotável de energia quando ta filmando, é incansável. Posso dizer que
é um trabalho que amo e odeio. Eu não sou muito boa de ficar em lugares com
muita gente em volta, é quase uma tortura pra mim. Essa foi a parte mais
difícil. Gosto de calmaria e de extrema privacidade, gosto da minha rotina e de
ficar sozinha com as poucas pessoas que amo, qualquer coisa que fuja disso eu
acho bem desconfortável, mas eu tenho minhas táticas de escapismo quando é
preciso, J
Foi um desafio que aceitei e aceitarei sempre, porque é um trabalho intenso, vivo, a gente sente o sangue correndo nas veias (e fora delas também, ahahaha). De uma forma louca, sinto muita saudade das filmagens e não vejo a hora de participar de outras.
Em todas as coisas que já fiz pra Canibal Filmes o Petter sempre colaborou muito. É muito fácil pra gente trabalhar juntos porque temos muita afinidade, conversamos muito, trocamos referências e as idéias batem na maioria das vezes. Tentamos sempre respeitar as idéias, vontades e os momentos um do outro, assim ninguém viola ninguém.
Foi um desafio que aceitei e aceitarei sempre, porque é um trabalho intenso, vivo, a gente sente o sangue correndo nas veias (e fora delas também, ahahaha). De uma forma louca, sinto muita saudade das filmagens e não vejo a hora de participar de outras.
Em todas as coisas que já fiz pra Canibal Filmes o Petter sempre colaborou muito. É muito fácil pra gente trabalhar juntos porque temos muita afinidade, conversamos muito, trocamos referências e as idéias batem na maioria das vezes. Tentamos sempre respeitar as idéias, vontades e os momentos um do outro, assim ninguém viola ninguém.
Leyla na produção de Zombio II |
Que
Petter é um símbolo do cinema independente, todos sabemos e que está
constantemente produzindo filmes, porém você pretende atuar frente às câmeras
ou só na produção mesmo?
Na frente das câmeras só pra foto e vídeo caseiro, acho,
rsrs.
A
moda, o que você acha da moda atual, as tendências?
Eu não me ligo muito. Meu trabalho me dá a liberdade
de poder ser eu mesma e me vestir da forma que eu quiser. Eu gosto de preto,
camisas customizadas por mim mesma, meia-calças e salto alto. Talvez o sapato
é a única peça que eu me ligo mais sobre
o que tem de novo ou não, gosto muito de sapatos, mas tem que ter a ver comigo
e meu estilo. Fora isso, não faço ideia do que ta na moda ou do que é tendência.
Para
encerrar, quer deixar algum recado, link para quem quiser conhecer mais do seu
trabalhou (e até comprar)!?
Obrigada pelo espaço e um beijo pra todos que
acompanham meus trabalhos. Vocês podem ver mais novidades pelo site www.leylabuk.com,
facebook https://www.facebook.com/LeylaBukArt
e o blog que mantenho com o Petter e postamos sobre cultura underground e tudo
o que nos interessa www.canibukwordpress.com
Canibal Girl Ljana - acesse o site e compre uma arte original da Leyla!!! |
Nenhum comentário:
Postar um comentário